ÀG.’.
D.’. G.’.A.’.D.’.U.’.
AS TRÊS
PORTAS
Neste
trabalho, abordarei de forma sintética, a relação das três portas com a
evolução espiritual que elas sugerem, de forma subjacente, ao neófito. Tomo por
base, as páginas 194,196 e 197 do Ritual de Aprendiz, que fazem referencia as
três portas, associando-as as três viagens que o neófito é submetido durante
sua iniciação.
Encontramos a primeira menção as três portas
do templo de Salomão, descritas na Bíblia, no primeiro livro dos Reis, capítulo
7:4-5. Segundo Plantageneta, as três portas possuem uma relação com as três
janelas do templo: a primeira janela fica situada ao Sul, a segunda no Ocidente
e a terceira no Oriente. As posições em que encontram- se dispostas às janelas,
estão relacionadas com o movimento do Sol, que por sua vez, representa a luz do
G.’.A.’.D.’.U.’. a contemplar e nortear os obreiros em suas atividades dentro
do templo.
Toda porta possui como
característica peculiar uma áurea de mistério, guardam um segredo por trás, que
só se torna conhecido após seu acesso. As portas na antiguidade, possuíam
significado aquém de seu uso trivial no cotidiano. Eram também consideradas como
guardiãs dos mistérios sagrados, véu dos arcanos sacros, encerrando também um
profundo significado esotérico: desvelar os mistérios do sagrado, nas antigas
tradições iniciáticas. E é justamente nesse sentido, que o texto a ser abordado
lida com a questão das portas: o conceito esotérico de porta é tomado aqui no
sentido acesso ao sagrado. Concernente as três portas do Templo de Salomão, de
modo similar, este significado esotérico ainda é preservado pela maçonaria nos
dias de hoje, sendo seccionado em três etapas. Tal divisão não é aleatória ou
acidental, muito pelo contrário; cada etapa das passagens pela porta ao fim de
cada viagem representa um passo peculiar na evolução espiritual que o iniciado
terá de trilhar, em busca da verdade; de sua iluminação pessoal.
O templo é velado aos profanos, e
seu interior só é manifesto após o termino das viagens, onde o acesso é
concedido paulatinamente ao neófito vendado. Na primeira passagem pela porta, é
permitido o acesso ao neófito com certa resistência, no intuito de esquadrinhar
suas reais intenções, indicando a meu ver, o quanto é sagrado seu primeiro
passo, além de ser um dos mais indeléveis, por marcar o inicio de sua jornada
maçônica, e por esse motivo, seu acesso deve ser franqueado a partir de uma
sondagem de seus reais intuitos, verificando se há franqueza em seu coração,
para que o então neófito possa vir a atingir os outros níveis possibilitados
pelo acesso as outras duas portas, e para que seja-lhe permitido passar do
estágio inicial-de homem bárbaro e sem lei, de seu estado primitivo, onde a luz
da razão não dirigia seus passos- para os outros dois estágios ou etapas,
representados pelas outras duas viagens, a fim de usufruir da evolução da
consciência humana, representadas pelas próximas viagens, à seguir. Essa é a
essência da primeira viagem. Na segunda porta, seu acesso implica em um
acontecimento originário e impar; um requisito espiritual substancial para se chegar
a terceira e ultima porta: e se submeter a purificação pela água.
A água, nas tradições antigas, era considerada
como um elemento sagrado, que brotava do seio da mãe terra como presente dos
deuses, esse motivo talvez explique o porque seu uso conotativo é mantido ainda
hoje pela maioria das religiões da antiguidade, e foi adotada também pelo Cristianismo
até os dias de hoje. A água representa o novo nascimento para os cristãos, é
símbolo da pureza para os judeus, e seu caráter fluido representa para os
espíritas, a transferência e troca de energias positivas emanadas de entes
espirituais do bem, para a manutenção da harmonia física e mental dos que a ingerem.
Na
maçonaria, o mergulhar da mão esquerda sobre a bacia representa a purificação
da alma humana, pré-requisito essencial àqueles que estiverem dispostos a
receber a luz da verdade. É necessário haver franqueza plantada na alma, uma
autêntica disposição de espírito para a recepção da luz, sinceridade. Essa é a
essência da segunda viagem.
Na
terceira porta, o neófito chega a terceira e última etapa de sua viagem; a
purificação pelo fogo. O fogo nas tradições antigas é também considerado um
elemento sagrado e uma dádiva dos deuses para os homens. O fogo era considerado
o elemento natural mais poderoso e também representava o progresso para os
gregos. Na mitologia grega, vemos o deus Prometeu, dando aos homens o poder do
fogo e o conhecimento de sua manipulação, por julgar o seu uso, necessário a
sobrevivência e ao progresso humano. Para o Judaísmo, o fogo representava a ira
e a justiça divina, e para o Cristianismo, passou a representar ainda a
purificação da alma e a ascendência espiritual do homem.
O
fogo, pelo seu alto poder consumidor, era para os antigos, símbolo da
eliminação dos elementos e, por conseguinte, da eliminação do mal, em sentido
esotérico. Na maçonaria, a presentificação do elemento fogo na terceira viagem
assume esse caráter espiritual esotérico de purificação, de eliminação das
imperfeições e, por conseguinte, do mau presente no interior do homem profano,
que não desvendou os olhos espirituais e, portanto não recebeu a luz. Essa é a
essência da terceira viagem.
Durante
o caminho de cada viagem nos deparamos com três portas-representando as três
virtudes essenciais à busca da verdade, que, ao decorrer cada obstáculo, nos
permitem interiorizar alguns ensinamentos morais. Mas, quais são eles e qual a finalidade
que encerram? São as disposições necessárias à buscada verdade; a saber:
Sinceridade, Coragem e Perseverança.
A Sinceridade nos ensina que, na busca da
verdade, não há nada a se ganhar em termos meramente materiais, pois nossa
busca deve ser destituída de interesses egoístas, e da presunção da vaidade
profana, que avilta e desvirtua o saber humano.
A Coragem nos ensina sobre os riscos que corremos
na busca da verdade. Aprendemos que a verdade é preciosa, mas que sua busca
exige coragem, pois muitas vezes corre-se o risco de perder até mesmo a própria
vida, em razão de sua descoberta.
E
por último, a Perseverança, que é a virtude que nos instiga a continuar na
busca da verdade e a insistir intrepidamente, mesmo diante dos revezes da vida,
ensinando-nos a travar nossa batalha de uma forma cada vez mais intensa, em
prol da verdade, pois uma vez descoberta à verdade, deve ser defendida, porque
a verdade do G.A.’.D.’.U.’. é sempre uma verdade afirmadora da vida- e o seu
contrário é a morte-por isso a verdade do G.’.A.’.D.’.U.’. é nesse sentido
sagrada, por ser sempre uma verdade vital; em favor do bem supremo: que é o dom
da vida.
Will Jackson Santos de Oliveira, Apr.’. M.’. Cad.
3.818 da
A.’.R.’.L.’.S.’.
Eliezer Sá Peixoto Nº29 Oriente
de Rio Largo/Al., jurisdicionada a
Mui e Respeitável Grande Loja do Estado de Alagoas - GLOMEAL)
Referencias:
http://biblia.com.br/novaversaointernacional/1-reis/1rs-capitulo-7/ Acessado em 18/07/2016
http://filhosdehiran.blogspot.com.br/2009/10/as-tres-janelas.html Acessado em 18/07/2016
http://pensandooensinoreligioso.blogspot.com.br/2013/04/o-simbolismo-da-agua-nas-tradicoes_13.html Acessado
em 18/07/2016
Ritual d Aprendiz – Rito Escocês
Antigo e Aceito, 2012. p. 195-197.
http://trabalhosdamaconaria.blogspot.com.br/2012/07/trabalho-maconico-as-tres-viagens.html Acessado em 18/07/2016
http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/MGPromet.html Acessado em 18/07/2016
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