A venda sobre os olhos do Neófito; símbolo da ausência de luz.
Neste trabalho, pretendo discorrer de forma breve, sobre o significado da venda sobre os olhos do iniciado, tomando por base as páginas 112 e 113 do Ritual de Aprendiz do Rito Escocês Antigo e Aceito, para refletir juntamente com os irmãos sobre a correlação da venda nos olhos do neófito e sua relação com a necessidade de iluminação.
Ora, desde tempo imemoriais, as mais antigas religiosas adotaram o conceito de luz, como um elemento antagônico à escuridão, a partir do pressuposto da dualidade entre luz e trevas. O raiar do dia, ao revelar o imponente surgimento do Sol, representava a esperança e a vida para os antigos. A Luz do sol garantia-lhes o sustento diário ao nutrir-lhes a colheita, e por isso era também símbolo da preservação da vitalidade da natureza.
Possivelmente um dos primeiros astros a receber adoração-senão o principal- tenha sido o Sol, sua forte presença e simbolismo é encontrado de forma incontestável entre muitas das principais religiões, praticadas e assimiladas pelas antigas civilizações mais conhecidas como Babilônia, Pérsia, Egito, Grécia e Roma.
Dos cultos solares da pré-história, o conceito de luz passa a assumir um significado mais específico, ao ser assimilado pelas grandes civilizações da antiguidade. Vale mencionar aqui, a lenda grega de Ícaro, um jovem ousado e sonhador, que, ao tentar alçar voos cada vez mais altos em direção ao sol, acaba sucumbindo sobre as águas do mar Egeu, tendo os seu planos frustrados diante da majestade do astro inacessível.
A partir dessa lenda, podemos perceber o quanto os antigos eram fascinados pelo Sol, mas, no entanto, de certa forma, conscientes de sua impossibilidade- mesmo com o uso de diversos artifícios e engenhosidades- de aproximar-se do mesmo. Apenas restava-lhes o consolo da contemplação. Porém, na medida em que o conhecimento cosmológico dos antigos avançava, eles se deram conta da impossibilidade de aproximação desse astro poderoso, e o espírito humano, com sua capacidade inventiva, não se deixou abater, trazendo o Sol para o seu cotidiano, providenciam-lhe um caráter representativo de cunho esotérico. Tal caráter representativo assumiu diversas formas de interpretação em diferentes culturas e religiões. A partir dai, o Sol passa a assumir o significado de fonte de iluminação interior dos homens.
O judaísmo e o cristianismo também adotam este mesmo significado, transferindo a ideia de um astro fonte de luz, que é inalcançável e distante, aproximando-o do homem e atribuindo-lhe um valor subjetivo e espiritual. Neste sentido, o astro rei passa a representar a presença de Deus e sua luz, a iluminar a alma do homem. Ainda no judaísmo, vemos Sol representando a justiça e o favor divino: “ Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão.” ( Sl 84.11) No novo testamento, Deus é chamado de o Pai das luzes, cuja bondade ilumina o coração de todo homem benevolente e amoroso: “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”. ( Tg 1.17)
A partir disso, pode-se constatar, que a figura do Sol assume um sentido mais profundo, o Sol, deixa de ser considerado algo etéreo e inacessível, e passa assumir o caráter de um Deus pessoal que inspira os atos humanos através da iluminação de suas consciências. Espiritualmente, o Sol representa o Ser supremo, e a sua glória, a iluminação da alma humana. A alegoria da caverna, do filósofo grego Platão, nos dá uma pista da importância da luz, no cotidiano dos antigos. A alegoria, fala sobre, a eminencia da Luz maior, o Sol, que incidia sobre a caverna. Aprendemos através da alegoria da caverna, que por mais eficiente que seja, a luz artificial jamais será suficiente para satisfazer as necessidades espirituais humanas. Sem o auxilio da luz maior, o G.’.A.’.D.’.U.’., o homem não exercita seu pendor para a liberdade, mas mantem-se aprisionado, de costas para a luz divina, e suas virtudes não atingem uma maior dimensão e amplitude, porque são virtudes mal iluminadas, aprendidas apenas de forma bruta e tosca, através de projeções de sombras- apenas simulacros- que lhes são apresentadas, estando diante deles.
A alegoria de Platão nos diz , que certo dia, um dos prisioneiros consegue sair da caverna e conhece o mundo real, têm dificuldades quanto á enxergar devido ao tempo em que esteve sem contato algum com a luz do Sol. O ex habitante da caverna consegue se adaptar ao mundo real, mas ao retornar a caverna com a ânsia de anunciar a novidade aos seus companheiros, é descrido e assassinado por eles . Isso no ensina, que, quando os iluminados conhecem a luz, ascende-lhes logo um desejo altruísta de convidar os seus amigos que vivem acorrentados e iludidos pelas sombras -oriundas da projeção da luz menor ( o fogo) - a conhecer o mundo real, iluminado eminente pela luz divina.
No entanto, mesmo na maior das intenções, corre-se o perigo de perder a própria vida em defesa da verdade. A ignorância e o preconceito alimentam o medo e inviabilizam a iluminação das mentes profanas, ao ponto de tornar-se até mesmo perigosa a empresa de anunciar as boas novas da verdade do G.’A.’.D.’.U.’.. As palavras de São João, o discípulo amado de Jesus, sintetizam de modo categórico, a resistência do mundo profano a luz da verdade: “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” ( Jo 3. 19-21) Mas, de tudo o que foi exposto acima, afinal de contas, o que tudo o que isto foi dito, tem a ver com a venda nos olhos do neófito? A resposta é simples: tudo a ver.
Há uma relação intrínseca entre o Sol representando o G.’.A.’.D.’.U.’., e a sua Luz revelada ao neófito, quando depara-se com uma das luzes divina no templo sagrado; à saber: o livro da Lei. Ali está - simbolicamente- inserido o conhecimento sagrado, que conduz o homem a iluminação, conforme expressa o salmista Davi “ Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho” ( Sl 119.105) Ali, ao desvendarem-lhe os olhos do neófito, as trevas da ignorância e dos preconceitos do mundo profano são ofuscadas, e iluminado pela glória do G.’.A.’.D.’.U.’., com o auxílio de seus irmãos, o neófito estabelecerá uma conexão autêntica com a luz maior que é Deus, imponente, iluminando o interior do templo físico, e nos conduzindo, as boas obras de justiça e amor, mesmo estando fora do templo, porque o verdadeiro templo do altíssimo somo nós; e a sua glória, ao incidir em nossos corações, irradia a vida dos nossos semelhantes onde quer que estejamos, pois somos o testemunho vivo da bondade divina, o templo vivo e móvel que leva a luz do G.‘.A.’.D.’.U.’. as pessoas.
O caminho da luz, é o despertar à serviço do bem da humanidade, é ter na alma a disposição ao melhoramento de si mesmo e do mundo, por que a missão do maçom é fazer a humanidade feliz. É também, dispor o seu braço a esse ideal augusto de tornar feliz a humanidade, cedendo o coração em favor de seus irmãos: isto é a essência da maçonaria e a luz que ela difunde através de sua sagrada filosofia: a eliminação do egoísmo humano, tornando-o luz para o mundo egoísta e em trevas, ao transmitir o amor do G.’A.’.D.’.U.’. expresso sob a forma de generosidade. Termino este trabalho, com as palavras do sábio Cientista e humanista, Albert Einstein, para nossa reflexão: “ Meço o valor de um homem pela medida em que se liberta de seu próprio eu” .
Will Jackson Santos de Oliveira, Apr.’. M.’. Cad. 3.818 da A.’.R.’.L.’.S.’. Eliezer Sá Peixoto Nº29 Oriente de Rio Largo/Al., jurisdicionada a Mui e Respeitável Grande Loja do Estado de Alagoas - GLOMEAL)
Referencias: A república de Platão – 6ª.,ed, ed. Atena,1956,p.287- 291 http://aslendasdamitologiagrecoroma.blogspot.com.br/ Acessado em: 30/07/2016 http://pensarerelaxar.blogspot.com.br/2010/11/frases-e-pensamentos-de-albert-einstein.html Acessado em: 30/07/2016 Ritual d Aprendiz – Rito Escocês Antigo e Aceito, 2012. p. 195-197. www.bibliaonline.com.br ( Salmos 84.11 ) Acessado em: 30/07/2016 www.bibliaonline.com.br ( Tiago 1.17) Acessado em: 30/07/2016 www.bibliaonline.com.br ( S. João 3. 19-21) Acessado em: 30/07/2016 www.bibliaonline.com.br ( Salmos 119.105 ) Acessado em: 30/07/2016
quinta-feira, 1 de setembro de 2016
sábado, 30 de julho de 2016
ÀG.'.D.'.G.'.A.'.D.'.U.'.
A VIRTUDE SOCRÁTICA
Sócrates, filósofo ateniense,
nascido em 469 ou 470 a. C, foi um marco
na história da filosofia grega. Antes de Sócrates, a filosofia grega se
debruçava sobre temas relacionados a natureza e seu principio. Os primeiros
filósofos, tinham como preocupação, descobrir o fundamento e causa primeira do
cosmos. A partir de Sócrates, a
filosofia grega é dividida entre pré-socráticos e pós-socráticos, tendo em
vista, a sua importância na historia da
filosofia como um divisor de águas, ao instaurar uma nova forma de pensar a
filosofia a partir do homem e para o
homem. Sócrates, ao contrário dos primeiros filósofos gregos, os filósofos da
natureza, estabelece uma nova forma de fazer filosofia, sua filosofia é voltada
para o homem. Sócrates aplica a sua
filosofia sobre o etos ( ética) humano, refletindo sobre a importância do
conhecimento para libertar o homem da ignorância, combater os males que
afrontam a humanidade e conduzir o ser humano à uma vida mais feliz.
A felicidade para Sócrates,
significava ter uma vida regrada pela razão, pois a partir da reflexão de si, o homem cultivaria a virtude, que e o
caminho para o qual a razão conduz os atos humanos. A partir do uso ponderado
da razão, o homem atingiria o status de sofós ( gr. sábio), e quando mais
avança-se na busca do conhecimento de si mesmo, mais se libertaria da dor e do sofrimento,
pois segundo ele, o autoconhecimento de
si mesmo, é quem libertaria o homem do julgo da ignorância fazendo sua vida
mais feliz. Uma vez atingindo um estado de espírito guiado por uma vida
virtuosa, o homem sábio, jamais desejaria voltar ou regredir em direção ao mal,
cedendo as amarras da ignorância, haja vista que para ele,” o Sábio é aquele que conhece os limites da
própria ignorância” e tenta a todo custo distanciar-se dela.
Em Sócrates, a filosofia é
partilhada a todas as pessoas, o filósofo não restringia a filosofia apenas as
elites de sua época, mas dialogava nas praças, em banquetes na casa de amigos,
em bordéis e nos campos, ao ar livre. Para ele, todo mundo, sem exceção, poderia
chegar possuir uma vida virtuosa, contanto que o seu primeiro passo, fosse o
reconhecimento de sua ignorância. Para tanto, era preciso assumir uma postura
auto-reflexiva e crítica dos valores e saberes aprendidos pelas tradição, afim
de que, ao questionar o fundamento de tais valores, o homem permitiria brotar
em si mesmo-através do auto concimento- virtudes autênticas, onde cada ato, seria executado com uma causa
fundamentada, que o explicasse, ou seja, as ações do sábio, seriam ações
refletidas ao invés de ações deliberadas, a partir da mera imitação dos valores da
sociedade da polis grega. Isso explica o motivo pelo qual a famosa frase; “conhece-te
a ti mesmo”, atribuída à Sócrates pelo oráculo de Delfos, inscrita no pórtico
do templo dedicado ao deus Apolo, torna-se um rótulo de sua filosofia do auto
conhecimento.
Em outras palavras: Sócrates,
pretendia conduzir o homem grego, ao aprofundamento da consciência, assumindo
uma postura virtuosa, sua sabedoria começa quando se admite sua própria
ignorância, por isso, ele teria constatado que, o que o distinguia do
outros filósofos de seu tempo, era justamente o fato de ser ele, o único em
cuja sabedoria, consistia, no fato de reconhecer que nada sabia.No entanto, este passo de auto
conhecimento de si mesmo, não se dá apenas mediante uma mera negação dos
valores que aprendemos, mas a partir do
método socrático de conhecimento, denominado por ele mesmo de parto das
ideias, a famosa dialética socrática. Tal método de conhecimento consistia em três
etapas: a ironia, a aporia e a maiêutica.
A ironia consistia no
questionamento dos conceitos , tal questionamento constrangeria o interlocutor
a admitir sua ignorância, ficando em aporia ( estado de perplexidade e
embaraço), a partir dai, o interlocutor, ao constatar a falta de fundamento em
sua própria crença, se esforçaria por si próprio chegado ao ultimo estágio da
dialética socrática, que era justamente a maiêutica, ou parto das ideias. Como
o próprio, nome sugere, o conhecimento para Sócrates era análogo ao parto de
uma criança, um novo nascimento, de onde viria a luz, uma nova vida, ou uma nova
concepção de vida: a verdade! A analogia de Sócrates à verdade como parto,
seria uma homenagem a profissão de sua mãe, que era parteira.
Portanto, vemos, em Sócrates, que o
conceito de virtude, está associado a uma vida feliz regrada pela razão. Neste
sentido a virtude em Sócrates, assume um status de fundamento racional
objetivo, na condução da vida humana. Em suma, a filosofia socrática não é uma
filosofia da estática, contemplativa e
abstrata, como foram para os filósofos pré-socráticos., mas é uma filosofia dinâmica e prática voltada para o ser humano, que visa a
formação para a vida virtuosa: uma vida feliz.
Will Jackson Santos de Oliveira, Apr.’. M.’. Cad.
3.818 da
A.’.R.’.L.’.S.’.
Eliezer Sá Peixoto Nº29 Oriente
de Rio Largo/Al., jurisdicionada a
Mui e Respeitável Grande Loja do Estado de Alagoas - GLOMEAL)
Referências:
http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/ironia-maieutica-socrates.htm Acessado em: 30/07/2016
http://historiadomundo.uol.com.br/artigos/socrates.htm
Acessado em: 30/07/2016
http://pensador.uol.com.br/socrates_frases/2/ Acessado em: 30/07/2016
domingo, 24 de julho de 2016
ÀG.’.
D.’. G.’.A.’.D.’.U.’.
A PEDRA BRUTA
Seguindo
os passos da tradição-como as antigas fraternidades iniciáticas do antigo Egito,
a maçonaria ainda nos dias de hoje conserva essa tradição, e instrui seus membros através de alegorias e símbolos
como nos tempos antigos, tendo estes a função de transmitir ensinamentos morais
e valores, visando o contínuo aperfeiçoamento do caráter e lembrando-os da
“realidade do dever” e cobrando-os a que sejam vigilantes sobre suas ações.
Deveres
estes que, têm como objetivo fazer com que o verdadeiro aprendiz maçom produza
frutos, de modo que a sua consciência guiada pela verdade, pela retidão e pela
justiça, seja sempre um ato em prol do bem que é Deus; pela pátria, pela
família e pelo próximo.
O
constante contato com os símbolos que a Ordem Maçônica propicia é de certo modo
um intimar e um convocar constante aos princípios e ao dever, convocando o
maçom a assumir sua vocação de guardião e bastião do dever, num culto autentico
e sincero a sacralidade da vida. Sagrada
é a vida, pois consiste a mesma em ser uma dádiva do G.’.A.’.D.’.U.’., mas no entanto, sem a luz dos ensinamentos da
maçonaria e dominada pelo vício e pelas trevas da ignorância, a existência
humana se avilta e não se torna dadivosa em prol do homem e dos seus
semelhantes, pois os frutos da ignorância produzem o que é mal, sendo seu valor e seus reflexos no mundo, nada mais
do que ervas daninhas.
Um
elemento imprescindível e salutar de elevação da consciência moral e do dever a
ser observado por todo aprendiz maçom, é a verdade subjacente que o símbolo da
pedra bruta abarca. A pedra bruta encerra
em si uma máxima moral que nos remete ao dever, e cuja finalidade é convidar o
aprendiz a trilhar o caminho do aperfeiçoamento moral, eliminando as arestas do
vício e da ignorância, elevando a consciência pautada no trabalho sobre si
mesmo, “vencendo as paixões, submetendo a vontade” ao dever, dentro do âmbito
do que é justo e honesto. É um ensinamento que deve ser observado para toda a
vida, durante toda caminhada terrena trilhada pelo aprendiz maçon.
A
pedra bruta representa ainda o homem obscurecido pela ignorância e pervertido
pelos valores subvertidos da sociedade profana; o homem em seu total estado de
cegueira- em seu estado natural onde suas qualidades ainda estão em estado
primitivo e amorfo, necessitando, portanto de serem desbastadas. Neste sentido,
pode-se dizer que o interior do homem, corrompido pelos vícios e pelas paixões
configura-se como uma espécie de matéria prima, onde a utilização racional do
maço e do cinzel adornam o espírito humano conferindo-lhe Sabedoria, Força e
Beleza na condução de seus atos.
A
pedra bruta nos remete ao compromisso do sacrifício, um compromisso perene de
uma vida justa e honesta em honra ao nosso Criador. Este é nosso pacto de
compromisso : estar disposto a desbastar
a pedra bruta que é nosso interior, permitindo sua transformação e reconstrução
pelos princípios eternos da moral e do bem, estabelecidos pelo
G.’.A.’.D.’.U.’., que pode ser bem representado pela analogia do Demiurgo -
deus cultuado pelas antigas tradições- o deus sábio e criador que dá forma as
coisas, trazendo a ordem no caos do interior do homem.
A preda Bruta possui também uma relação
intrínseca com os outros símbolos e representa portanto a essência do ideal que
constitui o fundamento da jornada de todo aprendiz maçom; à saber: a contínua e
incessante busca pelo aperfeiçoamento. A relação intrínseca que o símbolo da
pedra bruta possui com os outros símbolos ( o maço, o cinzel, a pedra polida e
a escada de Jacó ) é justamente esse seu caráter de fundamento, haja vista que
para atingir um verdadeiro estágio de elevação espiritual-representado pela
pedra polida -faz-se necessário fazer uso dessas ferramentas ( o maço e o
cinzel) de forma reflexiva, útil e proveitosa sobre a pedra bruta- o coração do
maçom- a fim de que ele possa galgar gradativamente os degraus da perfeição e
da transcendência espiritual representados pela escada de Jacob.
Em suma, podemos dizer que a pedra bruta
sinaliza o caminho da morigeração, do aperfeiçoamento moral que deve ser uma
constante na vida de uma maçom aprendiz e até mesmo após suas elevações durante
a caminhada.
Assim fizeram os antigos: Abel, Noé, Abrahão,
Enoch e Moisés como consta no Livro da Lei, assim faremos nós ao assumirmos tal
empresa corroborando assim, através de nossos passos o respeito ao testemunho
dado pelo Criador: andar de acordo com os ditames da razão e da verdade, tendo
sempre em vista a pedra polida como modelo e ideal emblemático-sagrado da nossa
vida.
Will Jackson Santos de Oliveira, Apr.’. M.’. Cad.
3.818 da
A.’.R.’.L.’.S.’.
Eliezer Sá Peixoto Nº29 Oriente
de Rio Largo/Al., jurisdicionada a
Mui e Respeitável Grande Loja do Estado de Alagoas - GLOMEAL)
Referências:
Ritual de Aprendiz - Rito Escocês Antigo e
Aceito, 2012.
ÀG.’.
D.’. G.’.A.’.D.’.U.’.
AS TRÊS
PORTAS
Neste
trabalho, abordarei de forma sintética, a relação das três portas com a
evolução espiritual que elas sugerem, de forma subjacente, ao neófito. Tomo por
base, as páginas 194,196 e 197 do Ritual de Aprendiz, que fazem referencia as
três portas, associando-as as três viagens que o neófito é submetido durante
sua iniciação.
Encontramos a primeira menção as três portas
do templo de Salomão, descritas na Bíblia, no primeiro livro dos Reis, capítulo
7:4-5. Segundo Plantageneta, as três portas possuem uma relação com as três
janelas do templo: a primeira janela fica situada ao Sul, a segunda no Ocidente
e a terceira no Oriente. As posições em que encontram- se dispostas às janelas,
estão relacionadas com o movimento do Sol, que por sua vez, representa a luz do
G.’.A.’.D.’.U.’. a contemplar e nortear os obreiros em suas atividades dentro
do templo.
Toda porta possui como
característica peculiar uma áurea de mistério, guardam um segredo por trás, que
só se torna conhecido após seu acesso. As portas na antiguidade, possuíam
significado aquém de seu uso trivial no cotidiano. Eram também consideradas como
guardiãs dos mistérios sagrados, véu dos arcanos sacros, encerrando também um
profundo significado esotérico: desvelar os mistérios do sagrado, nas antigas
tradições iniciáticas. E é justamente nesse sentido, que o texto a ser abordado
lida com a questão das portas: o conceito esotérico de porta é tomado aqui no
sentido acesso ao sagrado. Concernente as três portas do Templo de Salomão, de
modo similar, este significado esotérico ainda é preservado pela maçonaria nos
dias de hoje, sendo seccionado em três etapas. Tal divisão não é aleatória ou
acidental, muito pelo contrário; cada etapa das passagens pela porta ao fim de
cada viagem representa um passo peculiar na evolução espiritual que o iniciado
terá de trilhar, em busca da verdade; de sua iluminação pessoal.
O templo é velado aos profanos, e
seu interior só é manifesto após o termino das viagens, onde o acesso é
concedido paulatinamente ao neófito vendado. Na primeira passagem pela porta, é
permitido o acesso ao neófito com certa resistência, no intuito de esquadrinhar
suas reais intenções, indicando a meu ver, o quanto é sagrado seu primeiro
passo, além de ser um dos mais indeléveis, por marcar o inicio de sua jornada
maçônica, e por esse motivo, seu acesso deve ser franqueado a partir de uma
sondagem de seus reais intuitos, verificando se há franqueza em seu coração,
para que o então neófito possa vir a atingir os outros níveis possibilitados
pelo acesso as outras duas portas, e para que seja-lhe permitido passar do
estágio inicial-de homem bárbaro e sem lei, de seu estado primitivo, onde a luz
da razão não dirigia seus passos- para os outros dois estágios ou etapas,
representados pelas outras duas viagens, a fim de usufruir da evolução da
consciência humana, representadas pelas próximas viagens, à seguir. Essa é a
essência da primeira viagem. Na segunda porta, seu acesso implica em um
acontecimento originário e impar; um requisito espiritual substancial para se chegar
a terceira e ultima porta: e se submeter a purificação pela água.
A água, nas tradições antigas, era considerada
como um elemento sagrado, que brotava do seio da mãe terra como presente dos
deuses, esse motivo talvez explique o porque seu uso conotativo é mantido ainda
hoje pela maioria das religiões da antiguidade, e foi adotada também pelo Cristianismo
até os dias de hoje. A água representa o novo nascimento para os cristãos, é
símbolo da pureza para os judeus, e seu caráter fluido representa para os
espíritas, a transferência e troca de energias positivas emanadas de entes
espirituais do bem, para a manutenção da harmonia física e mental dos que a ingerem.
Na
maçonaria, o mergulhar da mão esquerda sobre a bacia representa a purificação
da alma humana, pré-requisito essencial àqueles que estiverem dispostos a
receber a luz da verdade. É necessário haver franqueza plantada na alma, uma
autêntica disposição de espírito para a recepção da luz, sinceridade. Essa é a
essência da segunda viagem.
Na
terceira porta, o neófito chega a terceira e última etapa de sua viagem; a
purificação pelo fogo. O fogo nas tradições antigas é também considerado um
elemento sagrado e uma dádiva dos deuses para os homens. O fogo era considerado
o elemento natural mais poderoso e também representava o progresso para os
gregos. Na mitologia grega, vemos o deus Prometeu, dando aos homens o poder do
fogo e o conhecimento de sua manipulação, por julgar o seu uso, necessário a
sobrevivência e ao progresso humano. Para o Judaísmo, o fogo representava a ira
e a justiça divina, e para o Cristianismo, passou a representar ainda a
purificação da alma e a ascendência espiritual do homem.
O
fogo, pelo seu alto poder consumidor, era para os antigos, símbolo da
eliminação dos elementos e, por conseguinte, da eliminação do mal, em sentido
esotérico. Na maçonaria, a presentificação do elemento fogo na terceira viagem
assume esse caráter espiritual esotérico de purificação, de eliminação das
imperfeições e, por conseguinte, do mau presente no interior do homem profano,
que não desvendou os olhos espirituais e, portanto não recebeu a luz. Essa é a
essência da terceira viagem.
Durante
o caminho de cada viagem nos deparamos com três portas-representando as três
virtudes essenciais à busca da verdade, que, ao decorrer cada obstáculo, nos
permitem interiorizar alguns ensinamentos morais. Mas, quais são eles e qual a finalidade
que encerram? São as disposições necessárias à buscada verdade; a saber:
Sinceridade, Coragem e Perseverança.
A Sinceridade nos ensina que, na busca da
verdade, não há nada a se ganhar em termos meramente materiais, pois nossa
busca deve ser destituída de interesses egoístas, e da presunção da vaidade
profana, que avilta e desvirtua o saber humano.
A Coragem nos ensina sobre os riscos que corremos
na busca da verdade. Aprendemos que a verdade é preciosa, mas que sua busca
exige coragem, pois muitas vezes corre-se o risco de perder até mesmo a própria
vida, em razão de sua descoberta.
E
por último, a Perseverança, que é a virtude que nos instiga a continuar na
busca da verdade e a insistir intrepidamente, mesmo diante dos revezes da vida,
ensinando-nos a travar nossa batalha de uma forma cada vez mais intensa, em
prol da verdade, pois uma vez descoberta à verdade, deve ser defendida, porque
a verdade do G.A.’.D.’.U.’. é sempre uma verdade afirmadora da vida- e o seu
contrário é a morte-por isso a verdade do G.’.A.’.D.’.U.’. é nesse sentido
sagrada, por ser sempre uma verdade vital; em favor do bem supremo: que é o dom
da vida.
Will Jackson Santos de Oliveira, Apr.’. M.’. Cad.
3.818 da
A.’.R.’.L.’.S.’.
Eliezer Sá Peixoto Nº29 Oriente
de Rio Largo/Al., jurisdicionada a
Mui e Respeitável Grande Loja do Estado de Alagoas - GLOMEAL)
Referencias:
http://biblia.com.br/novaversaointernacional/1-reis/1rs-capitulo-7/ Acessado em 18/07/2016
http://filhosdehiran.blogspot.com.br/2009/10/as-tres-janelas.html Acessado em 18/07/2016
http://pensandooensinoreligioso.blogspot.com.br/2013/04/o-simbolismo-da-agua-nas-tradicoes_13.html Acessado
em 18/07/2016
Ritual d Aprendiz – Rito Escocês
Antigo e Aceito, 2012. p. 195-197.
http://trabalhosdamaconaria.blogspot.com.br/2012/07/trabalho-maconico-as-tres-viagens.html Acessado em 18/07/2016
http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/MGPromet.html Acessado em 18/07/2016
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